domingo, outubro 8

Vila Meia do Judas

Eu - e o sr. não tem pra onde ir não?

Carroceiro (mora em uma casa a beira de uma erosão, quase caindo dentro de um rio) - Tem não. Tem não.

Do nada, ele tinha uns roupantes agressivos. O cara tava bebado.

Carroceiro - Se eu morrer, cair dentro desse rio ninguém vai nem vai ficar sabendo... Ninguém faz nada. Cês vieram aí ano passado, né? Continuo aqui. Aqui (meio balbuciando)... Cês não fazem nada (ataca)!

Eu - beleza, beleza.

Eu (falando pro fotógrafo) - Cara, então vamos fazer uma fotos aí do barranco, né.

O carroceiro sai pra lá. O filho dele de uns 10 anos e um amiguinho ficam compondo a foto, servindo de referência pra mostrar a profundidade do buraco. De repente, o cara volta puxando a carroça.

Carroceiro - ou, ou! ó, vamo fazer uma foto assim. Eles fica aqui, eu puxo o animal bem pra ponta e você fica aqui (apontando pra mim) ó.

Eu - ô, amigo, eu não posso tirar a foto não. Trabalho no jornal, pega mal.

Carroceiro - Ah! E eu posso né?!

Eu com sorriso amarelo - rara (pensando: ih, fudeu).


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