quarta-feira, abril 16

Oração x Casseta e Planeta

O infiel: E aí?

Eu: Tranqüilo?

O infiel: Tranqüilo o que? Eu tô puto!

Eu: Uai, que que foi?

O infiel: Tem uma igreja do lado da minha casa, não tô aguentando mais.

Eu: Ih, eu também sofro isso.

O infiel: Rapaz, eu mandei uma carta pro pastor reclamando. Ele me respondeu dizendo que era pra eu ter me mudado de lá há muito tempo.

Eu: Que isso! Mas que horas é o negócio lá?

O infiel: Ah, começa lá pelas 8. E vai até tardão. Ontem num pude ver o Casseta e Planeta. O barulho é dentro de casa.

Eu: Lá em casa a igreja é grande, tem banda e vai até meia-noite. Eu escuto até os fiéis, o povo respondendo o pastor: êêêêêêêê, aleluiaaaa!

O infiel: Às vezes eles saem da igreja e sobem um morro que tem ali. Ficam lá gritando. Aí é bom, ams depis eles voltam e começa tudo.

O infiel (em tom de ameaça): Olha, mas eu disse pra o pastor ir lá em casa hoje ás 8 horas. Nós vamo resolver isso.

Eu: É mesmo?

O infiel (desafiador): Me disseram que ele era traficante. Quero ver se era mesmo.

Eu (tentando racionalizar, depois rola uma merda e eu me sentiria mal): Liga pra postura, não?

O infiel: Não adianta. O 161 não funciona. Rapaz, ontem eu liguei até pro secretário de meio-ambiente. Ele tava em Buenos Aires... Ainda liguei pro celular, vou ter de pagar a conta ainda.

Eu (sem ter o que falar): Vixe.

O infiel (saiu rogando): É hoje...

terça-feira, abril 15

Vespasiano e os pulmões de cimento

Eu: Aí, mas me diz por que alguns dizem que o Atlético mineiro é aquele 'timinho lá de Vespasiano'?

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: Uai, cê num sabia não? É que a sede do time fica lá em Vespasiano.

Eu: Ah é, né? Então fica mesmo? Mas a cidade colou em BH, né?

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: Não, pregou tudo. É dentro.

Eu: Tá certo.

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: Rapaz, aquela cidade tem um problema lá com mortes, mortes de gente mais jovem. Tudo morrendo.

Eu: Uai, é violência, é?

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: Não, é um problema de cimento no ar. Lá tem muita indústria de cimento e o povo tá morrendo do nada! Do pulmão.

Eu: Que isso!

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: Há um tempo eu tava lá na casa de uns amigos. Uma mulher muito valorosa, uma fortaleza de pessoa, sãm... aí eu tava tomando cerveja e um bife acebolado lá que eles gostam, no palito e ela me dizia sobre essa negócio do cimento. Depois de uns meses me liga a irmã dela e diz: cê tá sentado? se num tiver senta. A Maria morreu. Morreu de câncer no pulmão.

Eu: Que isso, rapaz. Ou, mas isso dá uma indenização fudida.

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: É num sei né... Ela também fumava demais, sãm?

Eu: Ah, aí meu amigo, é vela e caixão. Ganha nada não.

Ex-morador de Vespasiano e atleticano: é...

sábado, abril 5

O bilhete não-premiado

Apostador - Aí rapaz, é hoje viu. Tô sentindo uma vibração. Acho que vou ganhar.

Apostador 2 - Quer que eu jogue pra você?

Apostador - Beleza, cê joga! Toma o dinheiro e a cartela.

Apostador 2 - É isso aí, tem de apostar. Senão não ganha.


No outro dia, o apostador chega ao trabalho e vê um bilhete em cima do computador.

"Caro, em virtude de ter dado um ganhador da cidade, tirei a liberdade de conferir os seus jogos. Avisei o pessoal para não ser mal interpretado. Infelizmente sua sorte em loterias foi adiada. Do amigo".

Mais tarde, os dois se encontram no trabalho.

Apostador 2 - Cê viu lá, né?

Apostador - Pois é rapaz, viu o tanto que esse meu bilhete é ruim?

Apostador 2 - Não, num fala isso não. Ó, eu fiz isso porque fiquei sabendo que o ganhador era daqui e vi seu bilhete aí sozinho. Eu já vi muita coisa nesse mundo, rapaz. Depois chega aí um mal intencionado, um fariseu desses da vida, e aí acabou. Pega o seu bilhete premiado e num tem mais jeito.

Apostador - Mas me conta aqui. E se eu tivesse ganhado?

Apostador 2 - Aí eu dava um jeito de te localizar, né!

Apostador - Então, quer dizer que dá próxima vez, se tocar meu telefone de noite e eu ver que é você, posso vibrar?

Apostador 2 - risos... é. Ó, mas eu acho que cê tinha de jogar na Timemania também. É convidativo, viu.

sexta-feira, abril 4

O credo

Cabeleireira - Menina, você nem acredita. Dia desses andava na rua e um velho de bengala começou a me chamar.

Cliente - Como?

Cabeleireira - Ele tava virado pra parede, encostado. Me chamava e fazia um gesto pra eu chegar até lá.

Cliente - e aí?

Cabeleireira - Eu não queria ir. Mas ele parecia passar mal.

Cliente - Coitado.

Cabeleireira - Eu resolvi chegar perto dele. Ele tossia muito. Cheguei mais perto. Ele tossia mais e mais... Eu disse: o senhor tá passando mal, quer que eu chame o Samu?

Cliente - e aí?

Cabeleireira - Aí ele virou pra mim e disse: é que eu tenho tuberculose.

Cliente - credo!

Cabeleireira - Eu falei que tava com pressa e saí correndo. Dois dias depois tava em Brasília e fez mais frio sabe? Comecei a gripar, menina. Agora, imagina uma pessoa rezar o dia inteiro pra não ter pêgo a doença do velho!