Eu - e o sr. não tem pra onde ir não?
Carroceiro (mora em uma casa a beira de uma erosão, quase caindo dentro de um rio) - Tem não. Tem não.
Do nada, ele tinha uns roupantes agressivos. O cara tava bebado.
Carroceiro - Se eu morrer, cair dentro desse rio ninguém vai nem vai ficar sabendo... Ninguém faz nada. Cês vieram aí ano passado, né? Continuo aqui. Aqui (meio balbuciando)... Cês não fazem nada (ataca)!
Eu - beleza, beleza.
Eu (falando pro fotógrafo) - Cara, então vamos fazer uma fotos aí do barranco, né.
O carroceiro sai pra lá. O filho dele de uns 10 anos e um amiguinho ficam compondo a foto, servindo de referência pra mostrar a profundidade do buraco. De repente, o cara volta puxando a carroça.
Carroceiro - ou, ou! ó, vamo fazer uma foto assim. Eles fica aqui, eu puxo o animal bem pra ponta e você fica aqui (apontando pra mim) ó.
Eu - ô, amigo, eu não posso tirar a foto não. Trabalho no jornal, pega mal.
Carroceiro - Ah! E eu posso né?!
Eu com sorriso amarelo - rara (pensando: ih, fudeu).
domingo, outubro 8
Vende-se um voto - parte 2
Eu - E aí Tânia, votou ontem?
Diarista - Ah, não. Fui não...
Eu - Uai, como assim?!
Diarista - Eu não consegui vender meu voto, não, moço! Cê acha que eu vou lá?
Eu - Mas não vendeu, não? E o candidato que tava querendo comprar?
Diarista - Pois é, sábado ele até fez um churrasco lá pro pessoal do bairro. Meu filho foi, achou bão. Daí no dia da eleição prenderam o cara que tava com o dinheiro que ia pra gente.
Eu - E aí cês rodaram?
Diarista - É. Meu filho chegou lá e e disse: mãe, acabaram de prender o cara com o dinheiro.
Eu - Aí cê nem quis ir votar?
Diarista - Eu, pra quê? Essa era a hora pra eu ganhar alguma coisa desses político. Eu vou muito sair de casa pra ir votar sem ganhar nada.
Eu - rarara
Diarista - Meu filho ainda votou no cara que deu o churrasco, ficou com dó. Falou: "nó, mãe, coitado, ele até esforçou".
Eu - Mas cê num ficou com dó não.
Diarista - Ah, menino, sem receber o dinheiro eu fiquei foi apaixonada. Sofriiii.
Diarista - Ah, não. Fui não...
Eu - Uai, como assim?!
Diarista - Eu não consegui vender meu voto, não, moço! Cê acha que eu vou lá?
Eu - Mas não vendeu, não? E o candidato que tava querendo comprar?
Diarista - Pois é, sábado ele até fez um churrasco lá pro pessoal do bairro. Meu filho foi, achou bão. Daí no dia da eleição prenderam o cara que tava com o dinheiro que ia pra gente.
Eu - E aí cês rodaram?
Diarista - É. Meu filho chegou lá e e disse: mãe, acabaram de prender o cara com o dinheiro.
Eu - Aí cê nem quis ir votar?
Diarista - Eu, pra quê? Essa era a hora pra eu ganhar alguma coisa desses político. Eu vou muito sair de casa pra ir votar sem ganhar nada.
Eu - rarara
Diarista - Meu filho ainda votou no cara que deu o churrasco, ficou com dó. Falou: "nó, mãe, coitado, ele até esforçou".
Eu - Mas cê num ficou com dó não.
Diarista - Ah, menino, sem receber o dinheiro eu fiquei foi apaixonada. Sofriiii.
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